quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Filme – Godspell - A Esperança (1973)

Depois de um certo período sem comentar sobre filmes aqui, voltei, e com um "clássico" (?)... "Godspell" de 1973 é uma experiência cinematográfica bastante interessante. O filme é baseado é um musical homônimo da Broadway, apresentando o evangelho de São Mateus usando a cidade de Nova York como pano de fundo. A começar pelas locações, fiquei fascinado com a maneira como o filme usa Nova York quase como um personagem próprio. As ruas desertas, desprovidas de qualquer movimentação exceto dos protagonistas, dão uma atmosfera surreal à trama, realçando a sensação de um mundo à parte. É impressionante ver um cenário tão vivo e caótico como Nova York se transformar em um palco quase desolado, permitindo que os personagens circulem livremente, como em um sonho estranho e metafórico. A cidade vazia parece nos convidar a refletir sobre os valores e as palavras que os personagens estão transmitindo.

Cada cena e canção é trabalhada para transmitir uma mensagem sobre a palavra de Deus, e acredito que esse foi o maior ponto positivo do filme. As parábolas são contadas de maneira criativa, ora cativando, ora instigando, sempre buscando despertar algo mais profundo. As músicas, aliás, desempenham um papel central em "Godspell" e se destacam, sobretudo "All Good Gifts". Esse número musical, com sua melodia suave e letra que celebra as dádivas de Deus, é de uma beleza singela que me tocou profundamente. A combinação de voz e arranjo cria um momento de paz que contrasta com a energia efervescente de outras canções, proporcionando um instante de introspecção.

Contudo, a representação de Jesus Cristo me causou uma certa resistência. A escolha de retratá-lo como um tipo de “palhaço hippie” me pareceu uma abordagem ousada, mas que nem sempre fez jus à profundidade e seriedade de sua mensagem. Entendo que a proposta era justamente transmitir uma visão leve e acessível da figura de Cristo, mas o visual com maquiagem de palhaço e um estilo irreverente me desconectou da intensidade que a figura histórica de Jesus representa para muitos. Embora a intenção fosse talvez modernizar e desmistificar a imagem de Cristo, essa escolha de direção pareceu mais uma caricatura do que uma homenagem verdadeira. Esse estilo acaba tirando parte da profundidade das palavras que ele está transmitindo ao longo do filme.

O próprio filme, é verdade, caiu um pouco no esquecimento. Confesso que tive dificuldade para encontrá-lo e assisti através do Amazon Prime Video. Apesar dos pontos que me incomodaram, como a representação peculiar de Jesus, fiquei satisfeito de ter finalmente assistido "Godspell". É um filme que vale a pena ser visto ao menos uma vez pela experiência e pela proposta criativa, embora não sinta vontade de revê-lo tão cedo. Como obra, ele se destaca pela inovação e pela coragem, mas seu estilo pode não agradar a todos e, como no meu caso, até causar certa estranheza.

sábado, 2 de novembro de 2024

Na Minha Playlist #309: The Echoing Green - Enter Love

A música é minha conexão com o mundo e, ao mesmo tempo, uma viagem para dentro de mim. Seja um clássico de décadas passadas ou um hit atual, cada canção traz uma energia própria. É incrível como a harmonia e a mensagem de uma música podem transformar meu dia, levando-me a lugares, lembranças e sentimentos únicos. A cada dia, procuro novas bandas, algumas ainda na ativa, outras que só deixaram saudade, e é fascinante perceber como a música continua sendo uma ponte entre gerações.

Hoje compartilho a canção "Enter Love" da banda The Echoing Green


The Echoing Green
é uma banda norte-americana de synthpop e música eletrônica, conhecida por unir sons energéticos e eletrônicos com letras que frequentemente trazem reflexões de fé e esperança. Formada no início dos anos 90, a banda é liderada por Joey Belville, seu vocalista e principal compositor, e também Aaron Bowman e apresenta um estilo que mistura influências de new wave, música industrial e pop eletrônico, trazendo uma pegada moderna e envolvente para temas espirituais. Suas raízes cristãs são evidentes nas letras, que abordam o amor divino, a redenção e as complexidades da vida de fé, mas sempre de uma maneira que também pode ressoar com ouvintes fora do ambiente religioso.

Em 1994, a banda lançou seu álbum Defend Your Joy, que consolidou seu estilo e marcou um passo importante na sua carreira. Esse álbum trouxe faixas que variavam entre o introspectivo e o alegre, com letras que falavam sobre buscar a alegria em meio aos desafios. A faixa "Enter Love" é uma das canções mais representativas do álbum, com uma letra que explora a ideia de abrir-se ao amor – não apenas o amor romântico, mas também o amor espiritual, que traz paz e completude. Na canção, "Enter Love" convida o ouvinte a deixar esse amor transformar seu interior, ultrapassando barreiras emocionais e trazendo um tipo de renovação.


A música é poderosa e inspiradora, refletindo bem o propósito da banda de levar uma mensagem de esperança através de um som envolvente e único.

Fico por aqui. Até a próxima #naminhaplaylist!

Entre a Tempestade e a Calmaria: Aprendendo a Dominar Minhas Emoções

Ilustração

Conviver com a minha própria intensidade é como viver entre extremos, oscilando entre o estresse e a empatia, entre momentos de explosão e de profunda sensibilidade com o outro. Reconheço que essa dualidade não é fácil de lidar, nem para mim nem para quem está ao meu redor. Às vezes, sinto como se estivesse em um campo minado de emoções, onde qualquer movimento em falso pode provocar uma reação desproporcional. Por outro lado, em muitas ocasiões, me vejo cuidando dos sentimentos dos outros com uma delicadeza quase natural, o que parece contraditório, mas talvez seja apenas uma faceta mais calma dessa mesma intensidade.

O desafio é, sem dúvida, aprender a dosar essa energia e direcioná-la de forma equilibrada, especialmente nos momentos de maior pressão. Na prática, isso significa desenvolver a habilidade de identificar o que estou sentindo antes que as emoções assumam o controle, buscando uma pausa – uma respiração consciente – para processar o que está acontecendo. Mas sei que isso demanda muito mais do que uma simples mudança de atitude; é quase uma reprogramação de respostas automáticas que, durante muito tempo, surgiram sem filtro.

Entendo que o primeiro passo é aceitar essa complexidade como parte de mim, não como um defeito, mas como uma característica que posso moldar com prática e consciência. Afinal, há algo positivo nessa intensidade, algo que me permite vivenciar tudo com profundidade. O que preciso, então, é aprender a governar essa energia em vez de ser governado por ela. Isso significa observar o que desencadeia minhas reações impulsivas e encontrar meios de desarmá-las antes que se transformem em uma explosão.

Sei que o domínio das emoções é um processo que exige paciência e consistência. É o compromisso diário de parar, respirar, refletir, e só então agir. E essa não é uma tarefa fácil. Cada momento exige um esforço, mas percebo que, aos poucos, posso escolher a minha resposta ao invés de apenas reagir ao que me acontece. 

No final, acredito que alcançar esse equilíbrio é justamente o que me permitirá ser mais autêntico e estar presente nas relações de forma mais genuína, sem ser carregado pelo peso de minhas próprias emoções. Esse aprendizado se torna uma espécie de autocuidado, um caminho para viver com mais serenidade e, ao mesmo tempo, com intensidade controlada.

W. Segundo

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Na Minha Playlist #308: Poor Old Lu - This Theatre

Continuando na minha playlist, a estreia da banda Poor Old Lu, tenho escutado algumas canções e gosto bastante.

Poor Old Lu é uma banda norte-americana de rock alternativo cristão, formada no início dos anos 1990 em Seattle. Seu som combina influências de grunge, indie rock e música psicodélica, com letras que abordam temas espirituais e introspectivos. A banda se destacou na cena do rock cristão alternativo, trazendo uma sonoridade única e criativa. Embora tenha se separado no final da década de 1990, o grupo deixou um legado entre fãs do gênero, com álbuns como Mindsize (1993) e Sin (1994). Eles também realizaram breves reuniões ao longo dos anos.

A "Encyclopedia of Contemporary Christian Music" diz que a banda é "Uma das mais talentosas e criativas bandas cristãs dos anos 90".

Poor Old Lu
O significado do nome refere-se a um segmento no livro de As Crônicas de Nárnia "The Lion, the Witch and the Wardrobe", onde Lucy (Lu), retorna de Narnia e conta ao seu irmão, Peter. Peter não acredita na história dela, porém, ele responde "Poor Old Lu, hiding and nobody noticed".

A música "This Theatre" lançada em 1995 aborda temas de autenticidade, identidade e autodescoberta. A letra parece refletir sobre a vida como uma espécie de teatro, onde as pessoas muitas vezes representam papéis ou tentam se encaixar em expectativas externas. Há uma sensação de busca por autenticidade e verdade pessoal, enquanto se reconhece a dificuldade de manter essa autenticidade em um mundo cheio de pressões e máscaras sociais.

A música também pode ser interpretada como uma reflexão sobre as complexidades da vida e as lutas internas que todos enfrentamos ao tentar entender quem somos realmente, além das aparências externas.

Ouça!


Até uma próxima! 
Valeu, Walter S

Pensamentos, vida, reflexão e rotina...

Ilustração


Às vezes, sinto que estou correndo uma maratona sem linha de chegada. No meu dia a dia, a rotina se impõe de forma intensa, e o trabalho parece ser o epicentro de tudo. Eu coloco uma pressão imensa sobre mim mesmo para obter resultados, para não deixar nada passar, e isso me consome. A cada tarefa realizada, sinto que há uma nova demanda, um novo desafio, e por mais que eu tente me antecipar, parece que nunca é suficiente. Eu me cobro muito. Preciso sempre ser melhor, mais rápido, mais eficiente — mas essa busca constante por resultados acaba drenando minha energia.

Minha vida pessoal, por outro lado, está em compasso de espera. Às vezes sinto que ela ficou congelada, estagnada, como se tudo ao meu redor estivesse em movimento, menos essa parte de mim. Eu quero mais para mim nessa área, mas sempre parece que outras prioridades acabam se impondo. A religião é algo que, vez ou outra, volta à minha mente. Sinto uma necessidade de me reconectar, mas acabo deixando isso de lado porque a rotina é implacável. Entre uma reunião, um prazo e o cansaço do final do dia, a espiritualidade vai ficando para depois.

Sair com os amigos deveria ser uma válvula de escape, mas até isso, às vezes, parece pesar. Eu quero estar presente, quero me divertir e esquecer dos problemas, mas não é sempre que consigo. O cansaço acumulado e as cobranças internas me fazem sentir que, ao invés de relaxar, estou desperdiçando tempo, tempo que eu poderia usar para ser mais produtivo ou resolver outra pendência.

Exercícios físicos? Eu sei da importância, sei que isso ajuda não só o corpo, mas a mente também. E tento, de verdade, manter uma rotina de atividades. Mas quando a carga de trabalho está alta ou a cabeça está cheia, o primeiro a ser deixado de lado é justamente o exercício. E é assim, dia após dia, priorizando uma coisa aqui, sacrificando outra ali. Não por falta de vontade, mas por falta de forças.

Conciliar tudo isso é um desafio imenso. Às vezes, me sinto culpado por escantear algumas áreas da minha vida, mas quando olho para o volume de coisas que preciso fazer, parece inevitável. Tento me lembrar de que estou fazendo o melhor que posso, mas nem sempre é fácil.

Mesmo com essa pressão constante e a sensação de estar sempre correndo contra o tempo, sei que algo precisa mudar. Não posso continuar dividindo minha vida em pedaços, priorizando uma parte e deixando as outras à deriva. Conciliar todas essas áreas não é fácil, mas talvez o caminho seja parar de buscar um equilíbrio perfeito — porque ele não existe — e sim aprender a aceitar que algumas fases exigem mais de uma parte de mim, enquanto outras podem esperar.

Talvez a mudança esteja em pequenos ajustes: permitir-me pausar sem culpa, criar espaço para o que realmente importa, mesmo que em doses menores. Se eu puder me dar essa liberdade, talvez consiga aliviar a pressão que eu mesmo coloco sobre meus ombros. Com o tempo, quero aprender a abraçar o processo, entendendo que o progresso não vem apenas dos resultados imediatos no trabalho, mas também dos momentos de descanso, da conexão com a espiritualidade, da convivência com amigos e do cuidado com o corpo.

Eu ainda estou no meio do caminho, mas ao invés de esperar pela solução perfeita, vou buscar pequenas melhorias, mudanças graduais que me permitam não só lidar com as demandas da vida, mas também aproveitar cada aspecto dela de forma mais leve. Afinal, viver é mais do que apenas cumprir tarefas. É também sentir, respirar e encontrar significado no meio de toda essa correria.

Walter S

Quando o Final do Dia Chega...

Ilustração


 A Luta Entre Gratidão e Marasmo

Ao cair da noite, quando as sombras se alongam e o crepúsculo silencia o dia, um sentimento contraditório costuma nos invadir. Há uma gratidão pelas pequenas conquistas, pelos momentos de paz, pelos sorrisos que surgiram em meio à rotina. Contudo, junto à gratidão, o desânimo pode se infiltrar sutilmente, como uma neblina que turva a mente. O cansaço se manifesta, e o marasmo tenta tomar conta, fazendo com que as forças interiores, antes vibrantes, pareçam se retrair.

Nesse momento de quietude e reflexão, somos desafiados a não nos render ao peso da inércia. A alma clama por renovação, o corpo por descanso, e a mente, por clareza. Mas como, em meio ao cansaço e ao desgaste emocional, podemos nos elevar espiritualmente, fisicamente e mentalmente? Como impedir que o marasmo vença a gratidão e a esperança?

O Caminho da Superação e da Elevação

Primeiro, é importante acolher os sentimentos que surgem ao final do dia, sem julgá-los. A gratidão é uma força poderosa, mas ela não anula a exaustão, e tudo bem. Precisamos aprender a reconhecer quando estamos cansados, frustrados ou desanimados, sem nos afundar neles. A chave é não deixar que esses sentimentos dominem. 

Para se elevar espiritualmente, o ponto de partida é o reconhecimento de que cada dia é uma oportunidade para crescimento, mesmo nas pequenas batalhas internas. A meditação, a oração ou momentos de silêncio podem ajudar a reconectar-se com o que há de mais profundo em si, trazendo à tona uma sensação de propósito e renovação. Concentre-se naquilo que o faz sentir pleno, em sua conexão com o universo ou com uma força maior.

Fisicamente, o corpo reflete o estado da mente. Uma caminhada ao ar livre, um alongamento suave ou a prática de exercícios físicos pode transformar o peso do cansaço em uma energia renovada. O movimento corporal libera endorfina, que eleva o ânimo e dissipa o desânimo. A chave está em agir, mesmo que seja um movimento sutil.

Mentalmente, a elevação ocorre através de uma mudança de perspectiva. Tente olhar para a situação com novos olhos. Muitas vezes, o marasmo é fruto de uma visão limitada dos problemas ou da rotina. Desafie-se a mudar a rota, experimentar novas maneiras de pensar e ver o que antes parecia sem saída. O simples ato de reorganizar suas prioridades ou buscar novos desafios pode abrir portas para soluções que antes pareciam distantes.

Focar no positivo não é ignorar as dificuldades, mas sim escolher onde você coloca sua energia. Cada situação, por mais desafiadora que pareça, traz consigo uma lição, uma possibilidade de transformação. Ao final do dia, podemos escolher: deixar que o desânimo nos domine ou buscar nas pequenas alegrias e conquistas diárias a força para continuar.

O Poder de Escolher o Rumo

Quando o final do dia chega, é fácil se deixar levar pelo cansaço e pelo marasmo. No entanto, temos a escolha de não nos render. Ao cultivar a gratidão, ao cuidar do corpo e ao nutrir a mente com novas perspectivas, podemos transformar o desânimo em uma oportunidade de crescimento. A chave está em reconhecer nossos sentimentos, mas também em tomar as rédeas da nossa própria jornada. O fim de um dia não é o fim do caminho, mas uma pausa necessária para renovar as forças e encontrar novos horizontes para seguir em frente.

Walter S

Até mais!

sábado, 28 de setembro de 2024

Entre Caminhos: Reflexões sobre Destinos e Escolhas

Desde a infância, sinto que há um chamado profundo, um caminho que parece ter sido desenhado para mim. No entanto, a vida é repleta de incertezas, e frequentemente me vejo diante de bifurcações. O que realmente quero? A segurança da zona de conforto ou a coragem de explorar novas possibilidades?

Essas dúvidas muitas vezes me paralisam. O desejo de conhecer o desconhecido, de me aventurar por novos horizontes, convive com o medo do que deixo para trás. Há momentos em que sinto que estou destinado a algo maior, mas as vozes da dúvida ecoam: “E se você não estiver no caminho certo? E se tudo que você busca estiver em outro lugar?”

Ilustração
Nesse labirinto de incertezas, é reconfortante lembrar das minhas crenças. No cristianismo, sou ensinado a confiar em um plano maior. Acredito que Deus guia meus passos, mesmo quando o caminho parece nebuloso. Esse entendimento traz uma luz à minha jornada. A solução talvez não seja escolher entre ficar ou partir, mas sim buscar discernimento. A oração, a reflexão e a busca por conselhos sábios podem iluminar minha mente e coração.


Talvez o verdadeiro caminho seja aquele que permite a exploração, onde posso crescer e me transformar, sem abandonar completamente aquilo que me faz sentir em casa. Em vez de ver a zona de conforto como um fim, que tal encará-la como um ponto de partida? Um espaço seguro de onde posso me aventurar e voltar, sempre aprendendo e crescendo.

Assim, sigo em busca de equilíbrio, de um caminho que una o chamado interno com as oportunidades que a vida oferece. E, acima de tudo, confio que, mesmo nas dúvidas, Deus me guiará a cada passo.

Walter Segundo