segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Filme – O Estado das Coisas (Brad's Status, 2017)

Existe um ditado bastante popular que diz que a grama do vizinho é sempre mais verde, no sentido de que a vida dos outros sempre parece ser melhor do que a nossa. Lembrei desse ditado ao assistir ao filme Brad's Status (O Estado das Coisas, título brasileiro). Um drama envolvente e que nos pega com questões que vivemos em nosso dia a dia.

Brad (interpretado por Ben Stiller) é um homem bem casado, classe média alta e com uma vida profissional lucrativa. Isso, para muitos, poderia ser uma grande conquista, mas para ele isso não é suficiente. Esta crise de inferioridade cresce ainda mais quando é obrigado a assistir o sucesso de seus amigos da época de faculdade, que são matérias de revistas e televisão e possuem uma vida mais perfeita que filtro de instagram. Enquanto vive este momento de muitas reflexões, Brad se lança a uma jornada ao lado de seu único filho (interpretado por Austin Abrams), para que ele decida qual faculdade ingressar no futuro, dando, enfim, seu primeiro passo de sucesso.

Brad's Status

Brad's Status ou "O Estado das Coisas" tem um roteiro muito bem escrito e original, funciona como um diário sendo narrado pelo protagonista. E durante seus minutos, acompanhamos um relato bastante íntimo sobre tudo o que lhe passa a mente, dos pensamentos mais vergonhosos aos mais absurdos, mais corrosivos. É o status atual de Brad - assim como anuncia seu título original -, mas poderia ser o meu, poderia ser o de qualquer um. Por mais cruel que seja este estado em que ele se encontra, o roteiro fala mais sobre nós do que gostaríamos de aceitar e justamente por isso, é estranhamente doloroso, desconfortável. Comparar nossa vida com a dos outros é um exercício natural, inútil, mas que fazemos com uma certa frequência. O único resultado disso é uma sensação de fracasso, de que a grama do vizinho é mais verde, de que a felicidade e o sucesso alheio são sempre mais altos que o nosso. De longe, parece uma crise existencial tola, mas ela existe, faz parte de nós. Faz parte, ainda, principalmente, desta geração que assistiu a evolução da tecnologia, que hoje vê seus melhores amigos esbaldando uma vida que nunca teremos, onde cada pequeno pedaço de sucesso é postado, vendido, compartilhado. Uma ideia falsa, claro. Mas uma ideia que nos afeta. E muito.

Seja como for, eu acho que o Brad poderia aproveitar melhor as coisas que ele têm, ao invés de ficar pensando em coisas que ele poderia ter se tivesse uma vida parecida com o de seus amigos. Não vejo pelo lado da inveja, mas sim pelo olhar de que ele pensava que ''não chegou lá'' comparando a sua modesta vida com a vida de seus amigos. Enfim, é um filme com muitas reflexões sobre a vida que levamos. Recomendo a todos!

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