A verdadeira história dos dois reis do crime na Londres do século XVIII.
Na primeira metade do século XVIII, Londres caminhava para se tornar a mais populosa cidade do mundo. Era rica, as lojas exibiam produtos refinados e sua elite desfilava ricas perucas, usava colheres de prata em casa, delicados lenços e finas caixas de rapé quando iam a Covent Garden, Soho e Picadilly. Contudo, não tinha uma força policial profissional, estando a segurança pública na dependência do trabalho de cidadãos não remunerados. Londres era, assim, o paraíso dos ladrões.
Na primeira metade do século XVIII, Londres caminhava para se tornar a mais populosa cidade do mundo. Era rica, as lojas exibiam produtos refinados e sua elite desfilava ricas perucas, usava colheres de prata em casa, delicados lenços e finas caixas de rapé quando iam a Covent Garden, Soho e Picadilly. Contudo, não tinha uma força policial profissional, estando a segurança pública na dependência do trabalho de cidadãos não remunerados. Londres era, assim, o paraíso dos ladrões.
Esta é a Londres revelada pela historiadora e escritora britânica Lucy Moore, através das vidas de Jack Sheppard e de Jonathan Wild, personagens do submundo que os primeiros jornais diários transformaram em símbolos do período. A Autora nasceu na cidade em 1970, mas foi criada nos Estados Unidos, retornando mais tarde à Grã-Bretanha para graduar-se em História pela Edinburgh University, sendo este seu primeiro livro.
Capa do livro “A Ópera Dos Ladrões” de Lucy Moore |
Sheppard chegou a ser um aprendiz de marceneiro que gastava o tempo bebendo e jogando, antes de iniciar seu aprendizado de pequenos golpes com uma prostituta que limpava seus clientes. Preso após alguns roubos, não passaria de um ladrãozinho vulgar não fosse sua extraordinária habilidade de fuga. Primeiro libertou sua amante; depois, escapou ileso da cadeia forçando uma série de fechaduras, escalando muros e saltando telhados. Recapturado, escapou novamente. Antes de ser preso definitivamente, se tornara uma lenda para um público que admirava sua capacidade de colocar as autoridades em apuros.
Já Wild, foi um personagem singular. Após uma temporada na cadeia por dívidas, o que era comum à época, começou a ganhar a vida no ramo de objetos recuperados: devolvia bens roubados a seus legítimos donos, por um preço justo. Auto-intitulava-se caçador de ladrões, chegando a servir como consultor do Conselho Municipal, apresentando sugestões para sufocar a onda de crimes, ao mesmo tempo em que controlava uma rede de ladrões e prostitutas, que dependiam de seu dinheiro e sua proteção. Sheppard, ladrão do tipo romântico, foi um dos poucos a se recusar a participar da "organização" de Wild, o que foi o estopim que levarias a ambos, o ladrão e o caçador de ladrões, ao mesmo destino, a praça de execuções de Tyburn. Antes de morrer, Jack Sheppard foi biografado por Daniel Defoe e retratado por James Thornhill, pintor da corte, enquanto Jonathan Wild inspirou John Gay na Criação de The Beggar´s Opera.
Num retrato memorável da Londres georgiana, a autora Lucy Moore reconstrói o mundo do crime em toda sua sórdida fama, numa história fascinante que se entranha no lamaçal do crime, nos convidando a pensar sobre o estranho fascínio que a criminalidade exerce sobre as pessoas. Rico na utilização de fontes primárias, só havendo acréscimos atuais quando auxiliem a compreensão do entorno dos fatos, o livro nos fornece uma clara percepção da sociedade londrina e vários de seus aspectos. No tocante a religião, há varias situações que deixam transparecer a situação do clero e sua relação com os fiéis. Há também, relatos sobre as atividades do metodistas, inclusive de John Wesley.
Pela pesquisa histórica muito bem elaborada, pelo estilo literário da Autora, pelo conjunto editorial, este livro merece ser lido e utilizado por aqueles que querem uma melhor compreensão daquele período da história. Vale a pena!
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