Estava eu lá zapeando na televisão e descobri uma série com o título interessante “Deus me adicionou” (“God friended me”, no original). “Deus não existe”, é o que diz Miles, entre risos, em seu podcast. Mas enquanto Miles diz não acreditar em Deus, Deus acredita nele. Além disso, Deus - ou, deveríamos dizer, "Deus" - quer um relacionamento com ele.
Até que um tal “Deus” quer ser seu amigo nas redes sociais e sabe de tudo, prevê tudo e controla tudo. Acreditar ou não acreditar, Hein Miles? Essa é a questão da série “Deus me adicionou”, a série que põe à prova a fé por meio de caminhos e mensagens misteriosos no celular.
Na série descobrimos que é preciso mais do que um simples pedido de amizade no Facebook para convencer Miles da realidade de Deus, naturalmente. As feridas espirituais que ele carrega são profundas demais para isso. Ele imagina que o homem ou a mulher por trás do perfil no Facebook está ''trollando'' ele.
God Friended Me |
Uma vez “amigo de Deus”, Miles recebe novas sugestões de amizade. Não demora a descobrir que os nomes sugeridos são pessoas que ele deve salvar. E, assim, ele vai se envolver com outras pessoas e entrar em conflito com sua (falta de) fé. A cada nova episódio, uma nova “salvação”.
Sozinho ninguém chega a lugar algum, e Miles vai contar com a ajuda da jornalista Cara Bloom (interpretada por Violett Beane), uma das pessoas que ele ajudou; do hacker Rakesh (interpretado por Suraj Sharma), que vai, a todo custo, tentar desmascarar o “Deus” do Facebook; e de Ali (interpretada por Javicia Leslie), sua irmã, que é estudante de psicologia durante o dia e à noite trabalha num bar.
Através do relato de “Deus”, Miles, Rakesh e Cara estão se conectando e com pessoas profundamente carentes: os pobres, os que sofrem com traumas e raiva. Miles começa a servir como mãos e pés de seu amigo divino do Facebook - ajudando as famílias a consertar seus relacionamentos, dando uma ou duas palavras orientadoras a alguém em uma encruzilhada moral. Quem quer que seja Deus, ele (ou ele) tem um talento real para saber quem poderia usar alguma ajuda oportuna.
Ao longo do caminho, talvez Miles, Rakesh e Cara também possam encontrar maneiras de curar suas próprias feridas. De fato, o processo já começou. Cara se reúne com sua mãe, que deixou a cidade quando Cara era apenas uma garotinha. Rakesh aprende a importância da vulnerabilidade. E Miles começa a dar os primeiros passos para se reconciliar com seu pai pastor, Arthur, que ficou profundamente magoado quando Miles se afastou da fé.
Interessante mencionar que “Deus me adicionou” me lembra uma comentada série aqui chamada “O Toque de um Anjo” que acompanhei na infância. Na época exibida em inúmeros horários na grade da Warner Channel, principalmente no horário das 13h, justamente esse horário que foi ao ar essa série nova série, também na WB.
Apesar da comédia por trás dessa série, eu gostaria de algo mais firme e dramático igual já vi em outras produções do gênero. Em um cenário televisivo saturado de dramas sombrios, com bruxas, vampiros, lobisomens, assassinatos etc.. “Deus me adicionou” vem com uma proposta quase esquecida da televisão e até executa bem. Infelizmente tive a grata surpresa do cancelamento da série, uma pena.
Eu soube até mesmo que o Brandon Micheal Hall, estrela da série, é cristão. Sua mãe na vida real era pastora e ele cresceu na igreja: então, interpretar um ateu, ele admite, foi um desafio. "Gosto de assumir papéis desconfortáveis", disse ele durante uma entrevista. Ele acrescentou que o programa foi desenvolvido para facilitar conversas sobre um dos assuntos mais importantes, mas delicados da atualidade: a fé.
Considero a série ambiciosa (no melhor sentido), até audaciosa, em seus objetivos. Em um cenário televisivo em que a religião é frequentemente retratada como uma ferramenta cruel, ou feita de zombaria pela maior parte da indústria ou um traço de caráter risível, a série sugere que Deus e a fé podem ser condutores para mudanças bem-vindas, remédios para nossos tempos conturbados. Como mencionado, parece um pouco a série, O Toque de um Anjo e até mesmo "Joan of Arcadia" (que também já comentei por aqui). Por isso, recomendo!
Oi, Waterlan. Tudo bem?
ResponderExcluirEu cheguei ouvir falar da série, mas não fui conferir e gostei muito do seu texto. Realmente é um refresco séries que tratam a fé de forma mais séria, no caso, vários seriados excelentes com temáticas mais sinceras estão sendo cancelados, eu realmente sinto isso também.
Beijos, Vanessa
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Oi, como vai?
ResponderExcluirNão sou muito fã de séries e admito que não vi muitas com o tema mais voltado para religião. É uma pena que tenha sido cancelada, visto que é tão boa. Gosto quando as tramas envolvem toda uma mudança na forma de pensar de seus personagens.
Abraço,
Parágrafo Cult | @paragrafocult
Assisti a série. Li seu artigo. E amei tudo!!
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