terça-feira, 19 de maio de 2020

Livro: “A Revolução dos Bichos” de George Orwell

Livro bastante conhecido. A Revolução dos Bichos é um conto satírico do escritor inglês George Orwell, publicado no Reino Unido em 17 de agosto de 1945 e apontado pela revista americana Time entre os cem melhores da língua inglesa.

Tudo se passa em uma fazenda típica inglesa. Logo no começa no celeiro dessa fazenda, os animais se reúnem para ouvir um discurso do Velho Major, um porco que é um membro altamente respeitado da comunidade animal. O velho major sabe que ele morrerá em breve e deseja transmitir a sabedoria que adquiriu ao longo da vida. Ele diz a seus companheiros de curral que os humanos são os culpados pela existência miserável que os animais devem suportar. 

A vida dos animais é cheia de trabalho e sofrimento, e isso só pára quando eles não são mais úteis. Major conta a seus amigos um sonho que ele teve na noite anterior, um sonho de um mundo onde os animais são livres e tratados com respeito. Major diz que, para realizar esse sonho, os animais devem se unir em uma grande rebelião contra a tirania do homem. Essa rebelião só pode ter sucesso se os animais puderem se unir em perfeita unidade contra a humanidade, resistindo à falsa visão propagada pelos seres humanos. Certo dia, Sr. Jones, então proprietário da fazenda, descuidou-se com a alimentação dos animais, fato este que se tornou a gota da água para aqueles bichos.

Major ensina aos animais uma música que ele criou chamada ''Bichos da Inglaterra'' (Beasts of England), que resume a filosofia do Animalismo, exaltando a igualdade entre eles e os tempos prósperos que estavam por vir, deixando os demais animais em êxtase com as possibilidades. A letra mostra uma visão utópica de como será a comunidade animal quando se rebelar contra o homem e estiver no controle de seu próprio destino. Enquanto cantam a música, os animais despertam o Sr. Jones, que pensa que uma raposa deve ter entrado escondido no quintal que motivou todo aquele barulho dos bichos. Ele atira no celeiro; os animais param de cantar e ficam calados durante a noite.

“A Revolução dos Bichos” de George Orwell


Algumas noites após a reunião, o Velho porco Major morre. Três porcos mais novos, chamados Napoleão, Bola de Neve e Squealer, desenvolvem os princípios de Major em uma filosofia que chamam de "Animalismo". Assim inspirados para realizar o sonho de Major, os animais se unem na batalha contra o Sr. Jones e seus homens, conseguindo expulsá-los da propriedade. Bola de Neve renomeia “Quinta dos Animais” para “Fazenda dos Bichos” e escreve as leis do Animalismo ao lado do celeiro. A primeira colheita é um sucesso. Seguindo os princípios do Animalismo, cada animal trabalha de acordo com sua capacidade, recebendo em troca uma parte justa dos alimentos.

No começo, tudo parece correr bem. Os animais estão comprometidos em alcançar o sonho utópico de Major. Boxer, um cavalo de carroça, compromete seu tamanho e força à prosperidade da Fazenda de Animais, prometendo trabalhar mais do que nunca para os seres humanos. Bola de neve começa a ensinar outros animais a ler. Napoleão educa um grupo de filhotes nos princípios do Animalismo.

Com um discurso de que estavam sempre pensando no bem-estar dos outros, os porcos com muita lábia e sutileza, distorcem a ideia inicial da Revolução, de que todos eram iguais, assumindo a mesma postura dos humanos. Eles passam a morar na casa que era do Sr. Jones e a praticar coisas que o homem praticava.

Outras personagens que podemos encontrar na história de Orwell são o restante dos animais da Granja e sua alienação. Elas agiam como se não notassem as mudanças que estavam acontecendo, e como se essas coisas não afetassem as suas vidas diariamente, sendo manipuladas por qualquer argumento. Bem familiar, não?

Inspirada pelos eventos da Segunda Guerra Mundial e da Revolução Russa, a Revolução dos Bichos é uma crítica feroz ao totalitarismo. A fábula mostra como uma comunidade de animais bem-intencionados se rebela contra seus mestres humanos opressivos e gradualmente entrega o poder absoluto a uma liderança nova e corrupta.

A linguagem utilizada pelo autor é de fácil entendimento, que torna a leitura acessível para pessoas de diferentes faixas etárias, até mesmo crianças. O escritor, para fazer um retrato cruel da humanidade, utilizou animais para contar uma história que permite várias interpretações. De certo modo, a inteligência política que humaniza seus bichos é a mesma que animaliza os homens.

Tudo isso combina harmoniosamente duas tradições literárias: a das fábulas morais e a da sátira política. O comportamento dos porcos causa indignação e repugnância no leitor, o que provoca uma reflexão acerca dos nossos próprios atos, pois o que incomoda neles, nada mais é do que a semelhança com o comportamento dos humanos. A obra é de uma genialidade inigualável, com uma ironia refinada e uma lição marcante.  

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