Você não consegue ficar em qualquer lugar sozinho
Charley é um menino de 15 anos que vive com o pai solteiro em Portland, Oregon. Na procura pela tia desaparecida há anos, Charley consegue um emprego de verão como treinador de cavalos e acaba fazendo amizade com um cavalo de corrida chamado Lean on Pete.
Já cheguei a compartilhar aqui filmes outros filmes com cavalos. Gosto de tramas que se misturam com esses animais lindos. Agora, eu comecei assistir esse filme pensando ser um filme sentimentalista, mas ele vai bem além disso, posso dizer que é um filme duro e comovente, que ao contrário de outros do gênero, não depende apenas do cavalo para emocionar o espectador e construir uma histórica poética a respeito do companheirismo e da amizade.
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A Rota Selvagem (Lean on Pete, 2017) |
Charley (interpretado por Charlie Plummer) é o adolescente de bom coração, bom caráter e má sorte que, no interior americano, se apega a um cavalo de futuro tão incerto quanto o seu próprio. Filho de um pai problemático e alcoólatra (interpretado por Travis Fimmel), Charley consegue um emprego com Del Montgomery (interpretado por Steve Buscemi), um criador de cavalos de corrida, onde começa a se apegar ao cavalo Lean On Pete. O cavalo já com 5 anos, está próximo de ser aposentado devido a um problema nas patas.
Após a morte de seu pai, a única coisa que resta ao garoto é sua amizade com Lean On Pete, e uma tia com quem perdeu o contato há anos. Ao descobrir que os cavalos aposentados são sacrificados, Charley em um ato desesperado, foge levando Lean On Pete, em busca de encontrar sua tia. Será que o garoto estará preparado para todas as adversidades que irá enfrentar sem dinheiro e viajando com um cavalo?
A jornada de Charlie não é apenas física, mas também psicológica. No começo da narrativa, apesar do pai relapso, o protagonista é de certa maneira inocente, e se incomoda ao descobrir o lado sinistro dos bastidores das corridas de cavalos, como os ilegais buzzers – aparelhos que dão choques nos animais para fazê-los correr mais rápidos – e o dopping, além do sacrifício de cavalos que não podem mais correr. Porém conforme sua jornada avança, e ele se vê em necessidade, não hesita em roubar, enganar, e até mesmo agredir para conseguir chegar a seu destino. Ao final da jornada, ele está destruído física e psicologicamente.
Achei que a escolha do nome no Brasil tirou parte do poder do nome original. A tradução de ''Lean on Pete'' o nome do cavalo, significa “Conte com Pete”, que é o que acaba sustentando o protagonista em sua jornada. Quando Charley perde tudo, se apoia por completo na figura do cavalo, o seu único amigo. E isso dá todo um sentido especial para o título.
Inspirado no livro homônimo de Willy Vlauti e dirigido por Andrew Haigh. Lean on Pete é um filme sóbrio e discreto, sem sentimentalismos excessivos, mas de partir o coração. Agora, preciso mencionar a fotografia desse filme que é espetacular, ainda mais nas cenas noturnas que me deixou muito satisfeito. Enfim, é um drama interessante para se refletir sobre a natureza humana, e sua fragilidade perante as circunstancias adversas, mesmo quando estas se mostram resilientes. Recomendo!