E principalmente cuide da sua saúde mental, ainda mais nesse período que estamos enfrentando. 

Mais uma vez ao som de Switchfoot, uma das minhas bandas favoritas e considerada uma das melhores bandas cristãs contemporâneas e, até por críticos 'seculares', como uma excelente escolha de rock alternativo. 

As letras do Switchfoot são poemas que trazem consigo experiências pessoais e experiências de fé, como as de Jon Foreman.  É frequente encontrá-los em rádios não cristãs, assim como TVs não cristãs, pois a música deles tem rompidos barreiras além dos muros da igreja por apresentarem temas que refletem Deus em suas canções, através de letras que expressam a sua natureza por poesia, questionamentos e a razão do mundo a nossa volta. Suas músicas e refrões são tão envolventes com o nosso eu e ao mesmo tempo tão particularmente íntimos que geram uma interpretação pessoal ao ouvinte da música. Precisamos realmente entender que a banda são pessoas que buscam a Deus, e isso é visto em suas canções, mesmo que em alguns refrões Deus não pareça ser o centro. Ao que tudo indica, o autor do poema pretende alcançar pela música assim como a natureza expressa o Criador, como descrito em Romanos 1.20. Por esta razão, podemos obter várias interpretações das músicas para diversos momentos da nossa vida, sejam eles alegres, tristes, devocionais ou de culto a Deus.

Switchfoot

Os caras são originários de San Diego, Califórnia. A banda é formada por Jon Foreman (vocais, guitarra), Tim Foreman (baixo, vocal), Chad Butler (bateria, percussão), Jerome Fontamillas (guitarra, teclados, vocal), e Drew Shirley (guitarra).

"Nós gostamos de surfar e surfamos a vida toda, então para nós, esse nome faz sentido." Jon Foreman.

A canção Enough To Let Me Go faz parte do excelente álbum Hello Hurricane, um álbum que exprime amor, e o amor se propaga também através da música. O bom e velho rock com a linha de baixo marcando presença e a boa e velha baladinha que soa como um mantra espiritual entoado por inúmeras vezes ao longo de nossas vidas. Ouça!


I'm still walk in the line that leads me home
Na #45 postagem de Old is Cool, temos o poderoso som de Tim Maia. O cantor e compositor Tim Maia marcou a vida de gerações. Através de obras conhecidas, como “Me dê Motivo”, “Vale Tudo”, "Não Quero Dinheiro, Só Quero Amar" e "Descobridor dos Sete Mares", o artista se consagrou como um dos maiores nomes da MPB.

Tim Maia

Pai da soul music brasileira, Tim Maia começou na música tocando bateria, mas logo passou para o violão. Em 1957, fundou no bairro carioca da Tijuca o grupo de rock Os Sputniks, do qual participaram Roberto e Erasmo Carlos. Em 1959, foi para os Estados Unidos, onde estudou inglês e entrou em contato com a soul music, chegando a participar de um grupo vocal, o The Ideals. Em 1969, foi chamado para gravar em dueto com Elis Regina a sua composição “These Are The Songs” no disco da cantora. A projeção rendeu um convite para um LP, “Tim Maia” (1970), que obteve grande sucesso graças às músicas “Primavera” (de Cassiano) e “Azul da Cor do Mar” (de Tim). Nos anos seguintes, mais discos e mais sucessos, como “Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar)”, “Réu Confesso”, “Gostava Tanto de Você”.

A canção Gostava Tanto de Você foi composta por Edson Trindade e gravada por Tim Maia no álbum homônimo, Tim Maia de 1973. Um boato dizia que a canção foi composta por Edson Trindade em homenagem à sua filha que havia falecido, porém, isso já foi desmentido, de acordo com Erasmo Carlos, a canção pode ter sido composta na década de 1950, para uma ex-namorada, que não gostava que Edson integrasse o grupo The Snakes. No fim, sabemos que ela fala sobre perda. Ouça!


Você marcou em minha vida
Viveu, morreu na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão que em minha porta bate...
Já diz o velho ditado que 'rei morto, rei posto'. Ele se aplica a quase todos os casos. Quase, por que no rock'n'roll o rei não foi e nem será substituído se depender de seus fiéis súditos. Mas, quem é este cara? É o irmão gêmeo de Jessie Garon, nascido em Tupelo, nos EUA, e fã de música Gospel. Não sabe quem é? O Mundo Alternativo refresca sua memória e relembra Elvis Presley no Old Is Cool.

Em 1953, o então caminhoneiro Elvis Aron Presley voltava para casa no Dia das Mães. No seu habitual trajeto, viu uma placa que dizia: 'gravamos qualquer um a qualquer hora'. Decidiu então entrar e gravar duas músicas em homenagem à sua mãe, Gladys. Começava aí a carreira do Rei do Rock'n'roll.

Elvis Presley

Em 24 anos na estrada musical, Elvis gravou mais de 50 discos, entre inéditos, compactos e concertos. Atingiu pela primeira vez o topo da parada norte-americana com 'Heartbreak Hotel', um de seus maiores clássicos, em 1956. A música fazia parte do seu primeiro disco, 'Elvis Presley'. Logo, o cantor partiria para Hollywood e se transformaria também em um ator de sucesso. Seu primeiro filme foi o faroeste 'Love me tender', mas o seu preferido foi 'King Creole', até por que este foi um dos únicos em que sua performance de ator foi elogiada.

Um dos sucessos na voz de Elvis Presley é ''Always On My Mind''. Elvis Presley cantou Always on My Mind e lançou primeiro em um single. Foi gravada em 29 de março de 1972, algumas semanas após sua separação em fevereiro de sua esposa, Priscilla. A música recebeu imensa fama e apreciação crítica e é considerada uma das músicas de destaque de Presley na década de 1970. Ouça!


You were always on my mind.
O que posso dizer do mês de abril de 2020? Puxa, tanta coisa. Mas o pior é que não vem nada em específico na mente. Foram tantas coisas ao mesmo tempo que os pensamentos acabam embaralhados, assim como foi o mês. A Covid-19 continua assombrando o mundo e ceifando vidas. Com tantas coisas em andamento, no momento só penso em ouvir uma boa canção.

Mais uma vez ao som de TTWS. Vale a pena apresentar para quem ainda não conhece o som deles. O Toad the wet Sprocket é uma banda de rock alternativo formada no ano 1986 em Santa Bárbara, Califórnia. Ganharam certo prestígio na cena do rock alternativo dos anos 90, gerando uma boa quantidade de singles, e foi uma das bandas que gerou o "Modern Rock", um subgênero do rock alternativo mais voltado para as rádios. A banda é formada por Glen Philips nos vocais e guitarra rítmica, Todd Nichols na guitarra solo e backing-vocals, Dean Dinning no baixo e backing-vocals e Randy Guss na bateria, e hoje a banda conta com o tecladista Jonathan Kingham. Os caras continuam firmes e fortes na atividade com o tipo de rock suave que cada vez mais sou fã.

Eu amei essa ilustração e resolvi postar

A canção I'll Bet On You faz parte do álbum "New Constellation" de 2013 e que apresenta canções com letras que exprimem emoções complexas. Ouça!



Hey, yeah
Everything will change in an instant
Mais uma noite ao som de Keane, dessa vez com Thin Air. Para quem ainda não conhece a banda, vale a pena ler sobre eles. Keane é uma banda inglesa de rock alternativo da cidade de Battle, East Sussex. É formada por Tim Rice-Oxley (compositor, piano, sintetizadores, baixo e vocal de apoio), Tom Chaplin (vocalista, guitarra acústica e elétrica), Jesse Quin (baixo, percussão, guitarra e vocais), e Richard Hughes (bateria, percussão e backing vocals). Sua formação original incluía fundador e guitarrista Dominic Scott, que deixou a banda em 2001. É o tipo de banda que conseguiu acertar bem na dose do pop rock. Curto muito.

Keane

A canção Thin Air fala supostamente sobre um relacionamento de vivido por Rice-Oxley-Chaplin. Realmente a letra da a entender isso. Uma possível falta de sintonia e de alcance entre duas pessoas. A melodia e o toque completa a obra. Ouça!


I can't keep up
You're moving too fast
Sexta-feira! Mais um #NaMinhaPlaylist. Dessa vez com Iron & Wine, que apesar do que o nome possa sugerir, não é o nome de uma banda, mas o nome de um cantor e compositor norte-americano, Samuel “Sam” Beam (mesmo que ele se apresente com uma banda).

As influências de Sam compreendem, principalmente, Nick Drake (seus três álbuns entre os melhores da história, na revista TIME e Rolling Stones) e JJ Cale (responsável pela música Cocaine, do Eric Clapton, e dois sucessos da banda Lynyrd Skynyrd).

Iron & Wine

Sam é um poeta, e não há nada em suas músicas que esteja lá por acaso. Assim, ele brinca com a sintaxe e a métrica, além de usar um pouco de percussão e mudanças de andamento (compasso), para alcançar ao máximo o que ele deseja expressar. Isso, lógico, aliado à sua bela voz (uma voz suave, de alguém que já viu o pior da vida, mas encontrou sua paz).

Gosto da canção ''Sunset Soon Forgotten'', na qual compartilho aqui. Faz parte do álbum ''Our Endless Numbered Days'' que trata do amor e da morte, e o relacionamento entre os dois; mas feito de uma forma que parecesse uma conversa casual, entre o próprio casal, ou uma lembrança.

Capa do álbum

Já a canção, ''Sunset Soon Forgotten'' aborda a pureza da infância, e como as memórias antigas ecoam em nossas mentes, de tempos mais simples e ordinários. Ouça!



Be this sunset soon forgotten...
Um pequeno segredo... A maior aventura deles!

O filme é sobre um garoto chamado Ali (interpretado por Amir Farrokh Hashemian) que perde os sapatos da irmã, Zahra (interpretada por Bahare Seddiqi). Ele os leva ao sapateiro para fazer alguns reparos e, no caminho de casa, quando ele pára para pegar legumes para sua mãe, um coletor de lixo cego os leva acidentalmente. As duas crianças são de uma família pobre, eles temem contar aos pais e decidem resolver o problema sozinhos. Ali encontra uma solução: como ele estuda à tarde e ela estuda de manhã, eles revezam os sapatos do Ali, ao mesmo tempo em que o menino procura meios de conseguir algum dinheiro ou novos sapatos. A situação mostra a confiança mútua e o carinho entre as duas crianças, numa história simpática e sensível.

A história mostra um lar com muito amor, respeito, disciplina e honestidade, o que nos faz entender que os valores familiares foram repassados para as crianças desde cedo. A valorização da honestidade, independente das dificuldades, é destacada no filme. E assim, sem os pais desconfiar de nada, surge uma oportunidade para Ali solucionar o problema. Uma competição entre escolas em que o prêmio para o terceiro lugar é um par de sapatos. Mesmo com o tênis velho, que não proporciona a Ali condições de competir de igual com as outras crianças, ele consegue se inscrever na corrida. E quando chega o dia, ele corre, corre e corre… visando não o primeiro lugar, mas sim o terceiro lugar justamente para conseguir um novo par de tênis.

É uma produção iraniana premiada, originalmente chamada Bacheha-Ye Aseman e Children of Heaven no mercado norte-americano, lançada em 1997 com direção e roteiro de Majid Majidi. Foi indicado ao ''Melhor Filme Estrangeiro'' do Oscar em 1999.

Filhos do Paraíso (Bacheha-Ye aseman, 1997)

Bem, o que escrever mais? Resumo essa obra em ''Inocência''! A inocência de uma criança é algo tão lindo de se assistir. Isso me faz lembrar do meus tempos de infância e de escola. Aproveito para relembrar um acontecimento da minha infância. Uma vez fui com um calção rasgado para a aula e não contei para minha mãe com medo dela brigar. O motivo? o calção era novo e eu acabei rasgando ele numa brincadeira de criança. Com medo de contar a ela e brigar comigo. Claro que são circunstâncias diferentes. Voltando ao filme, foi tão bom ver irmã mais nova, apesar de sofrendo por estar sem seus sapatos e por ver as companheiras de escola com novos sapatinhos, ela continua ao lado do seu irmão. A maturidade precoce que os dois tiveram que adquirir para poder compreender a situação que viviam. Com certeza recomendo esse maravilhoso filme. É uma história bem simples, mas com uma carga enorme de delicadeza e humanidade. “Filhos do Paraíso” é um enorme aprendizado, mostrando que mesmo numa vida humilde, a dignidade e o caráter são essenciais.
Estava eu lá zapeando na televisão e descobri uma série com o título interessante “Deus me adicionou” (“God friended me”, no original). “Deus não existe”, é o que diz Miles, entre risos, em seu podcast. Mas enquanto Miles diz não acreditar em Deus, Deus acredita nele. Além disso, Deus - ou, deveríamos dizer, "Deus" - quer um relacionamento com ele.

Até que um tal “Deus” quer ser seu amigo nas redes sociais e sabe de tudo, prevê tudo e controla tudo. Acreditar ou não acreditar, Hein Miles? Essa é a questão da série “Deus me adicionou”, a série que põe à prova a fé por meio de caminhos e mensagens misteriosos no celular.

Na série descobrimos que é preciso mais do que um simples pedido de amizade no Facebook para convencer Miles da realidade de Deus, naturalmente. As feridas espirituais que ele carrega são profundas demais para isso. Ele imagina que o homem ou a mulher por trás do perfil no Facebook está ''trollando'' ele.

God Friended Me

Uma vez “amigo de Deus”, Miles recebe novas sugestões de amizade. Não demora a descobrir que os nomes sugeridos são pessoas que ele deve salvar. E, assim, ele vai se envolver com outras pessoas e entrar em conflito com sua (falta de) fé. A cada nova episódio, uma nova “salvação”.

Sozinho ninguém chega a lugar algum, e Miles vai contar com a ajuda da jornalista Cara Bloom (interpretada por Violett Beane), uma das pessoas que ele ajudou; do hacker Rakesh (interpretado por Suraj Sharma), que vai, a todo custo, tentar desmascarar o “Deus” do Facebook; e de Ali (interpretada por Javicia Leslie), sua irmã, que é estudante de psicologia durante o dia e à noite trabalha num bar.

Através do relato de “Deus”, Miles, Rakesh e Cara estão se conectando e com pessoas profundamente carentes: os pobres, os que sofrem com traumas e raiva. Miles começa a servir como mãos e pés de seu amigo divino do Facebook - ajudando as famílias a consertar seus relacionamentos, dando uma ou duas palavras orientadoras a alguém em uma encruzilhada moral. Quem quer que seja Deus, ele (ou ele) tem um talento real para saber quem poderia usar alguma ajuda oportuna.

Ao longo do caminho, talvez Miles, Rakesh e Cara também possam encontrar maneiras de curar suas próprias feridas. De fato, o processo já começou. Cara se reúne com sua mãe, que deixou a cidade quando Cara era apenas uma garotinha. Rakesh aprende a importância da vulnerabilidade. E Miles começa a dar os primeiros passos para se reconciliar com seu pai pastor, Arthur, que ficou profundamente magoado quando Miles se afastou da fé.

Interessante mencionar que “Deus me adicionou” me lembra uma comentada série aqui chamada “O Toque de um Anjo” que acompanhei na infância. Na época exibida em inúmeros horários na grade da Warner Channel, principalmente no horário das 13h, justamente esse horário que foi ao ar essa série nova série, também na WB. 

Apesar da comédia por trás dessa série, eu gostaria de algo mais firme e dramático igual já vi em outras produções do gênero. Em um cenário televisivo saturado de dramas sombrios, com bruxas, vampiros, lobisomens, assassinatos etc.. “Deus me adicionou” vem com uma proposta quase esquecida da televisão e até executa bem. Infelizmente tive a grata surpresa do cancelamento da série, uma pena.

Eu soube até mesmo que o Brandon Micheal Hall, estrela da série, é cristão. Sua mãe na vida real era pastora e ele cresceu na igreja: então, interpretar um ateu, ele admite, foi um desafio. "Gosto de assumir papéis desconfortáveis", disse ele durante uma entrevista. Ele acrescentou que o programa foi desenvolvido para facilitar conversas sobre um dos assuntos mais importantes, mas delicados da atualidade: a fé.

Considero a série ambiciosa (no melhor sentido), até audaciosa, em seus objetivos. Em um cenário televisivo em que a religião é frequentemente retratada como uma ferramenta cruel, ou feita de zombaria pela maior parte da indústria ou um traço de caráter risível, a série sugere que Deus e a fé podem ser condutores para mudanças bem-vindas, remédios para nossos tempos conturbados. Como mencionado, parece um pouco a série, O Toque de um Anjo e até mesmo "Joan of Arcadia" (que também já comentei por aqui). Por isso, recomendo!
Alguém questionou há uns dias, em uma conversa, o porquê das pessoas não enxergarem o óbvio, de se negarem a ver as coisas como realmente são. Esse alguém estava compreensivelmente indignado com tanta coisa ruim que acontece no mundo, tanto no âmbito coletivo, com toda a humanidade passando por problemas sérios (aquecimento global, guerras, corrupção nos governos de muitos países, injustiças etc.) como no âmbito individual (as relações se tornam cada dia mais superficiais, as pessoas se identificam mais com a matéria do que com o espírito, o amor é uma palavra em moda, mas sem que seja vivido como deveria, etc.). Discutimos sobre o assunto e sobre as possíveis causas, inclusive aquelas apontadas por autores diversos por aí, mas constatamos que muitas explicações perdem a consistência quando são refletidas com maior profundidade. A falta de educação, que na opinião de alguns faz com que a “massa cinzenta” tenha um raciocínio limitado, fazendo-a viver praticamente sem pensar, por exemplo, não vale como argumento, já que há pessoas com boa formação, acadêmicos e até mesmo cientistas que se negam a enxergar o óbvio da mesma forma. Outros argumentam com a manipulação das pessoas pela mídia, pela televisão, pelas revistas, pelos jornais, pela internet… Constatamos de fato que essa manipulação existe, mas também isso não parece ser o motivo mais profundo de tamanha “cegueira”, pois uma manipulação deveria perder seu poder sobre uma pessoa assim que ela toma consciência de que está sendo manipulada. Como essa manipulação da mídia é conhecida e muitos de nós sabemos que ela existe, ela também não pode ser a causa das pessoas “virarem a cabeça, fingindo não ver o que estão vendo”. E refletimos ainda sobre outros aspectos, sobre outras possíveis causas, como o consumismo, o egoísmo e o imediatismo das pessoas, mas não chegamos a nenhuma conclusão. Somente alguns dias depois, refletindo sozinho, é que encontrei o motivo que acredito ser o principal de tal comportamento: MEDO. Medo de enxergar, medo de entender, medo da clareza, que, por um lado, nos leva um passo adiante, mas, por outro, aumenta nossa responsabilidade, faz com que surjam novas perguntas e torna nossa vida mais complicada, mesmo que mais plena.

Sim, a clareza, que é poderosa e pesada: poderosa porque nos torna seres mais independentes, autárquicos, críticos e plenos, mas pesada porque ter clareza significa perder a ilusão, ver a vida e o mundo como realmente são, faz com que deixemos (pelo menos um pouco) de ser “animais de rebanho” e, ao invés de seguir os outros simplesmente, começamos a questionar o caminho, o que nos traz problemas de convivência com os demais, pois muda nossa mentalidade, fazendo-nos refletir sobre nossas relações, sobre nossas necessidades, sobre nossos sonhos e ideais e “complicando” nossa vida, já que ela (a clareza) faz com que determinados modelos sejam indagados e mesmos rejeitados, derrubando literalmente certas convenções, muitas vezes sem que já haja uma nova convicção, ou seja, com o aumento da clareza, nos despedimos de algo antigo, que já carregamos conosco talvez por uma vida inteira, sem que saibamos ainda o que nascerá no lugar disso. E isso mete medo!

O poder e o peso da clareza

Veja só como a clareza “complica” nossa vida: imaginemos uma pessoa que adora curtir a vida e que come e bebe de tudo, doces, salgados, fast food, carne, conservas, refrigerantes, bebidas alcoólicas e tudo que ela acha que tem direito, sem nunca refletir sobre isso (=falta de clareza). Um dia, essa pessoa lê por acaso em algum lugar sobre a importância de se alimentar bem, já que nosso corpo produz diariamente e durante toda a vida novas células e essas células são compostas daquilo que ingerimos, e que uma boa alimentação é o requisito principal para que possamos levar uma vida saudável. Imagine agora as possíveis reações dessa pessoa: a) pode ser que ela realmente entenda e interiorize o que leu, refletindo profundamente sobre a importância de se alimentar bem, concluindo que seria sensato ter mais cuidado com o que ela come. Essa pessoa vai ter então que mudar seus hábitos, ler embalagens dos alimentos que compra, estudando os ingredientes, questionando se aquilo tudo realmente fará bem a seu corpo, e ela vai deixar de comer (ou comer menos) no McDonald’s ou na lanchonete da esquina, cozinhando mais vezes ela mesma e tendo muito trabalho para que sua alimentação seja realmente saudável. Se isso acontecer, a pessoa terá se decidido pela CLAREZA e por uma vida mais “complicada”. Ou ela se decide pela outra opção: b) o texto lido é ignorado, essa pessoa irá, no máximo, fazer uma observação do tipo “que besteira!” ou “sempre comi o que quero e isso nunca me fez mal!” e descartará a clareza, optando por continuar se alimentando da mesma forma como até agora, sem ler as embalagens, sem refletir sobre o efeito de certas substâncias sobre seu corpo, fazendo de conta que aquele texto nunca existiu. Se isso acontecer, a pessoa terá se decidido pela FALTA DE CLAREZA e por uma vida mais “simples”.

É claro que a opção b) mostra em primeiro plano um COMODISMO da pessoa, mas acredito veemente que a verdadeira causa seja MEDO. E para explicar isso, tenho que ir um pouco mais a fundo na análise desse comportamento humano:

Em minha opinião, o ser humano é movido por dois impulsos básicos: a necessidade de sobreviver e a vontade de ser feliz. O sobreviver é mais fácil, já que é guiado por nossos instintos, coisa que recebemos da natureza, que funciona sempre mais ou menos, mesmo que muitas vezes agimos contra aquilo que é natural. Mas a coisa complica quando se trata do anseio de ser feliz. Quando não saciado, esse anseio pode se transformar em angústia, em aflição, algo nada agradável, que tentamos evitar a qualquer custo. Assim, com medo de sermos infelizes, buscamos a felicidade imediata em tudo que fazemos, tentando achar sempre o caminho mais fácil e curto, pois não queremos sentir tal angústia/aflição. O problema aqui é que, ao agir de tal modo, nos iludimos, já que essa felicidade imediata permanece sempre na superfície, nos tornando igualmente superficiais. Começamos a redefinir a felicidade de uma forma sem muita consistência, buscamos saciar nosso anseio com coisas materiais e, no final das contas, acreditamos que somos felizes quando compramos ou mais ainda quando ganhamos um novo iPhone, um carro, uma moto ou mesmo um secador de cabelos. Mas, assim que temos aquele objeto tal almejado, percebemos que a alegria (que confundimos com felicidade) passa rápido, que nos sentimos logo vazios e que precisamos de outro “brinquedo” para distrair nossa angústia emergente, e assim nos tornamos vítimas cativas do consumismo. Ou então nos entregamos a uma vida cheia de divertimentos, festas a cada fim de semana (ou várias vezes por semana!), bebemos, usamos drogas, vivemos relações “amorosas” diversas sem nenhum elo mais profundo, escutando música alta o tempo todo (=fugindo do silêncio!) ou nos entregamos ao mundo de fantasia apresentado pela TV ou pela internet, sem que isso nunca seja suficiente, fazendo com que queiramos sempre mais, e assim nos tornamos vítimas da distração eterna e da manipulação (pela TV, por redes sociais na internet, por quem organiza eventos e precisa de público que pague os custos e o lucro, etc.).

Tanto de uma forma como de outra, isso não é saudável e, pior ainda, isso não leva a lugar algum. Temos medo de ser infelizes, tememos a angústia, tememos até mesmo perceber que somos frágeis, que somos passageiros, que tudo e todos um dia terminarão de existir (neste mundo). Assim tentamos distrair essa angústia, essa aflição, correndo o tempo todo atrás de alguma coisa que desvie nossa atenção, atrás da “injeção de felicidade imediata” que nos traz acalanto e paz interior, mesmo que somente aparentes.

Sou convicto de que todos nós, no fundo, sabemos disso, mas temos medo de abandonar uma trajetória percorrida até agora por estarmos familiarizados com ela, porque achamos mais fácil nos prender a uma “felicidade” trazida por um milhão de coisinhas passageiras e superficiais do que buscar uma felicidade profunda e plena, que nos traga acalanto e paz interior de verdade. E temos medo de que, sem todos “apetrechos” à nossa volta, percebamos que não somos tão felizes assim, que nossas amizades não sejam tão boas assim, que nosso desejo de ser feliz e amado é muito mais profundo do que parece, que nossa alma precisa de muito mais. Assim, com medo de enxergar a fundo e ver o que está por trás da fachada, preferimos viver sem clareza, acreditando que isso nos levará a algum lugar. Mas, como já dito, isso não é verdade e o efeito atingido é exatamente o contrário do que o desejado ardentemente: sempre teremos momentos de lucidez que nos mostrarão que, no fundo, somos infelizes. Se formos espertos, reconhecemos esses momentos de lucidez como um convite a refletir, a buscar maior clareza e uma felicidade real e profunda. Mas, se formos medrosos, vamos optar por tomar mais uma “injeção de consumo e distração” e, como um viciado em drogas, confundir mais uma vez essa embriaguez com a realidade.

Apesar de pesada, a clareza tem uma vantagem muito grande em relação à falta dela: ela nos torna mais conscientes do que e de quem somos, nos torna mais livres, mais abertos para o que é autêntico e nos permite conhecer uma felicidade realmente verdadeira.

Ser feliz é encontrar dentro de si aquele sentimento que conhecemos de nossa infância, quando vivíamos aqui e agora, sem preocupações e sem máscaras, quando éramos porque éramos e não porque tínhamos alguma coisa, quando tínhamos uma consciência bela e pura de que felicidade simplesmente existe, sem precisar de apetrechos, status, enfeites, fama ou seja lá do quê. Ser realmente feliz significa trabalhar em si mesmo, conquistar seu espaço nesse mundo, sentir e respeitar seu valor como ser humano e perceber que a felicidade é bem mais do que a alegria passageira trazida por algo material. O caminho que devemos seguir é longo, e esse caminho é a vida, nossa vida, que quer e deve ser vivida em sua plenitude, com seus dias de sol e chuva, com as alegrias e tristezas, com os dias e as noites, com suas fases felizes e outras menos felizes. Sim, um caminho muitas vezes pedregoso, mas vale a pena segui-lo, mesmo porque não há alternativa, a não ser viver como alguém que corre da luz, do óbvio, da clareza, acreditando ser feliz sem ser, vulnerável a sofrer assim que a “dose cotidiana de sua droga” (consumo e distração) lhe falte. Esse longo caminho comparo ao Níger, na África, um dos rios mais longos do mundo. Ele praticamente morre bem perto do lugar que nasce. Para ser feliz, você tem que seguir o rio assim mesmo, pois não há atalhos que levem rapidamente da nascente à foz. A tentação pode ser forte, já que a distância é pouca, mas não vale e pena tentar, pois, mesmo que você consiga cortar o caminho, sua felicidade jamais será a mesma de alguém que seguiu todo o percurso do rio por vários mil quilômetros.

Se você é um ser humano que deseja crescer, amadurecer e (!) ser realmente feliz, não tenha então medo da clareza, de ver as coisas com sobriedade e como realmente são. E, mesmo que a clareza seja “pesada”, nunca esqueça que você é forte o suficiente para carregá-la.

Por Gustl Rosenkranz