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Ilustração |
Às vezes, sinto que estou correndo uma maratona sem linha de chegada. No meu dia a dia, a rotina se impõe de forma intensa, e o trabalho parece ser o epicentro de tudo. Eu coloco uma pressão imensa sobre mim mesmo para obter resultados, para não deixar nada passar, e isso me consome. A cada tarefa realizada, sinto que há uma nova demanda, um novo desafio, e por mais que eu tente me antecipar, parece que nunca é suficiente. Eu me cobro muito. Preciso sempre ser melhor, mais rápido, mais eficiente — mas essa busca constante por resultados acaba drenando minha energia.
Minha vida pessoal, por outro lado, está em compasso de espera. Às vezes sinto que ela ficou congelada, estagnada, como se tudo ao meu redor estivesse em movimento, menos essa parte de mim. Eu quero mais para mim nessa área, mas sempre parece que outras prioridades acabam se impondo. A religião é algo que, vez ou outra, volta à minha mente. Sinto uma necessidade de me reconectar, mas acabo deixando isso de lado porque a rotina é implacável. Entre uma reunião, um prazo e o cansaço do final do dia, a espiritualidade vai ficando para depois.
Sair com os amigos deveria ser uma válvula de escape, mas até isso, às vezes, parece pesar. Eu quero estar presente, quero me divertir e esquecer dos problemas, mas não é sempre que consigo. O cansaço acumulado e as cobranças internas me fazem sentir que, ao invés de relaxar, estou desperdiçando tempo, tempo que eu poderia usar para ser mais produtivo ou resolver outra pendência.
Exercícios físicos? Eu sei da importância, sei que isso ajuda não só o corpo, mas a mente também. E tento, de verdade, manter uma rotina de atividades. Mas quando a carga de trabalho está alta ou a cabeça está cheia, o primeiro a ser deixado de lado é justamente o exercício. E é assim, dia após dia, priorizando uma coisa aqui, sacrificando outra ali. Não por falta de vontade, mas por falta de forças.
Conciliar tudo isso é um desafio imenso. Às vezes, me sinto culpado por escantear algumas áreas da minha vida, mas quando olho para o volume de coisas que preciso fazer, parece inevitável. Tento me lembrar de que estou fazendo o melhor que posso, mas nem sempre é fácil.
Mesmo com essa pressão constante e a sensação de estar sempre correndo contra o tempo, sei que algo precisa mudar. Não posso continuar dividindo minha vida em pedaços, priorizando uma parte e deixando as outras à deriva. Conciliar todas essas áreas não é fácil, mas talvez o caminho seja parar de buscar um equilíbrio perfeito — porque ele não existe — e sim aprender a aceitar que algumas fases exigem mais de uma parte de mim, enquanto outras podem esperar.
Talvez a mudança esteja em pequenos ajustes: permitir-me pausar sem culpa, criar espaço para o que realmente importa, mesmo que em doses menores. Se eu puder me dar essa liberdade, talvez consiga aliviar a pressão que eu mesmo coloco sobre meus ombros. Com o tempo, quero aprender a abraçar o processo, entendendo que o progresso não vem apenas dos resultados imediatos no trabalho, mas também dos momentos de descanso, da conexão com a espiritualidade, da convivência com amigos e do cuidado com o corpo.
Eu ainda estou no meio do caminho, mas ao invés de esperar pela solução perfeita, vou buscar pequenas melhorias, mudanças graduais que me permitam não só lidar com as demandas da vida, mas também aproveitar cada aspecto dela de forma mais leve. Afinal, viver é mais do que apenas cumprir tarefas. É também sentir, respirar e encontrar significado no meio de toda essa correria.
Walter S