Inspirado no best-seller do The New York Times, o filme ''Extraordinário'' conta a inspiradora e emocionante história de August Pullman. Ele é um garoto que nasceu com uma deformidade facial, o que fez com que passasse por 27 cirurgias plásticas. Aos 10 anos, ele irá frequentar uma escola regular, como qualquer outra criança, pela primeira vez. No quinto ano, ele precisa se esforçar para conseguir se encaixar em sua nova realidade.
Tem dias que a gente acorda se achando feio, para baixo e sem muita perspectiva, ainda mais quando somos/estamos fora dos padrões, afinal, beleza é algo relativo. Baixa autoestima e consciência das limitações estético-midiáticas são coisas diferentes, ocorre porém, que muita gente as misturam.
Este não é exatamente o caso do protagonista de Extraordinário (Wonder, título original). Auggie (interpretado por Jacob Tremblay) nasceu com uma grave deformação no rosto. Depois de tantas cirurgias ao longo dos 9 anos de idade, ele consegue ter uma vida normal, fisiologicamente falando, entretanto, a vida social é um desastre, já que sua aparência o faz ser tratado como uma berração pelos colegas da escola.
Wonder |
Consciente da péssima impressão que causa nas pessoas, Auggie não se coloca no lugar de vítima, pelo contrário, no geral, leva o barco com serenidade, e às vezes até com um otimismo que parece possível somente no cinema. Apesar da difícil situação exposta, o filme narra a história com elementos dignos de comédia romântica. O roteiro é bastante inteligente ao não vitimizar Auggie. Ele é um garoto inteligente e sabe que é diferente de outras crianças, mas não busca tratamento desigual. Auggie quer apenas ser uma criança comum. Para todos nós, em geral, a aparência física é um assunto delicado. Para Auggie, o drama é real. O feriado favorito do garoto é o Dia das Bruxas, quando ele sente-se “normal” ao usar fantasias com máscara e seu brinquedo favorito é um capacete de astronauta que cobre o rosto todo.
A grande surpresa do filme é a forma como a história é contada. O roteiro mostra o ponto de vista de outros personagens além do protagonista. Isto dá ao filme um ótimo recurso narrativo. O normal, em um drama desse tipo, seria apresentar o esforço dos pais em torno do problema do filho e, embora isto também seja abordado, o diretor do filme opta por apresentar o ponto de vista de pessoas que orbitam ao redor de Auggie, como Via (interpretada por Izabela Vidovic), a irmã mais velha. Assim, o espectador enxerga o quanto as questões do menino afetam a vida de quem está ao seu redor, como também cria empatia para com os personagens que fazem parte da história do menino. No caso de Via, sem poder se dar ao luxo de reclamar atenção dos pais devido aos cuidados constantes com o caçula, a jovem sofre perdas difíceis em uma fase que é conturbada para qualquer adolescente.
Bom, não é um longa que te obriga a chorar, mas é difícil chegar ao final sem derramar nenhuma lágrima com a história de Auggie. Enfim, um filme que consegue transmitir o alerta sobre o bullying dentro e fora do ambiente estudantil e como as pessoas são diferentes umas das outras, mas que o respeito e a aceitação são sempre mais importantes. Isso deveria ser mais trabalhado nas escolas. Recomendo!